A Segunda Espera

Demorei um pouquinho para decidir ou para tomar coragem para escrever esse post. Ele fala da espera após a espera. Os nove meses da gestação de Guid passaram depressa mas os dias em que fiquei sem minha bebê foram os mais longos da minha vida.



O Parto

Dr Sebastião - Obstetra
Dr Sebastião que sempre chega atrasado no dia 18/01 foi super-ultra-mega-plus pontual, ceguei a sala de parto 18:30 e 19:11 Guid já tinha nascido. No parto cesáreo é aplicada a anestesia raquidiana, em que a mãe só fica insensível à dor do peito para baixo assim, fiquei consciente durante todo o processo (http://brasil.babycenter.com/a700454/tipos-de-anestesia-peridural-e-raquidiana). Não tente ver a seringa, dizem que é de assustar, tanto que antes de sua aplicação o anestesista passa um anestésico local e só depois vem a raqui, nessa hora meu Paquito já estava todo parametado e dentro da sala de parto. De repente meu nariz ficou obstruido e falei com ele que não tava respirando e ele informou ao anestesista que me deu um descongestionante nasal. Do outro lado do vidro, assistindo de camarote a chegada de Guid estavam Mommy´s/ Vovó, Tia Avó Alda e Titio Klaus. Em questão de minutos já ouvia o choro de minha filha um movimento intenso, pesagem, limpeza e então colocaram o seu corpinho ao lado do meu rosto. A visão foi chocante: ela tava toda roxinha. Minha bebezinha parecia um repolho roxo! Ela estava cianótica (http://br.guiainfantil.com/pele-do-bebe/273-cianose-.html), na verdade o caso não foi sério mas deu para a gente ficar em choque, pois o cordão correu na hora do parto e ela ficou com ele no pescoço, sem causar nenhuma sequela mas dando essa cor horrorosa na bebê. Após ela ser toda limpa e vistoriada a neonatologista me informou que ela iria para a observação e de lá seria encaminhada para o quarto em até 6 horas. A partir daí começou a nossa 2ª Espera por Ingrid.

Os dias na maternidade
A gente tenta controlar tudo, inventamos o relógio e o calendário para organizar o tempo, as sinaleiras e as regras de trânsitos, leis e tudo mais. Mas, tem coisas que a gente não controla. A noite do nascimento de minha filha foi muito triste, depois que os avós foram embora com titio Klaus e tai avó Alda, papai Paquito sucumbiu ao stress e ao cansaço e capotou no sofá do acompanhante. Eu fiquei acordada, embora não sentisse nada a baixo do peito. O quarto ficava no 4º andar do Santo Amaro, ouvia o chorinho dos outros bebês já no quarto com suas mães, e no nosso o silêncio, as horas não passavam. Uma hora da manhã a médica neonatologista avisa no telefone - "Mãe, seu nenem está bem, mas, está com ritimo respiratório irregular, um desconforto, por isso continuará em observação, venha vê-la amanhã de manhã as 10hs".
Ingrid veio com várias missões, uma delas foi me ensinar a esperar/ ter paciência. Guid nasceu na sexta, sábado ela estava na UTI Neonatal, apelidada de NEO. Ela não estava tomando medicação, estava sendo alimentada por uma sonda e tendo monitoração constante,  ela estava na Ala A em uma incubadora, ela ficou no sábado e no domingo nessa ala. Minha alta era para domingo de manhã, mas Dr. Sebastião protelou para a segunda pois achavamos que ela podia sair a qualquer momento, em geral esse desconforto é resolvido em 24 hs.
Na segunda a tarde saímos as 16hs do quarto, cheguei em casa e comecei a chorar, como ir dormir e ver o berço vazio? o que fazer com o leite que estava chegando em meu seio? Veja que apesar dessa situação ser descrita como "normal" pela equipe da NEO, não é nada "normal" para a pisique da mãe, tanto é que fui visitada por uma psicóloga antes da alta e ela me fez um turbilhão de perguntas do tipo: se já havia abortado, se era uma gravidez desejada etc... É pirante você acabar de ser mãe e não ter um bebê nas suas mãos... Voltamos para visitá-la nessa mesma noite, e desde aquela manhã ela tinha sido promovida para a Ala B da NEO e sendo alimentada na mamadeira, a única certeza que tinhamos é que tudo aquilo estava no fim, pois nossa fé em Deus é muito grande. Ainda na segunda pela manhã meu Paquito teve que dar as providências relativas a sua licença paternidade, foi no cartório do SAC do Shopping Barra fazer a Certidão de Nascimento, chegando lá soube que o cartório tava fechado, teve que ir no cartório do Comércio.
Na terça pela manhã eu inchada e cheia de ponto não conseguia ficar sozinha em casa, minha mãe foi trabalhar e eu e o Paquito fomos dar entrada na minha licença da Embasa e da Unime e auxílio creche, além de dar entrada nos planos de saúde e no odotólogico da bebê. A verdade é que mamãe de nenem na NEO não tem resguardo, pela tarde fomos para o Hospital jantamos no Habibi´s, compramos meio mundo de luvinha e sapatinho pois as enfermeiras pediam por causa do ar-condicionado e voltamos para a NEO. Sabe as roupinhas que saparei na mala? Ela até esse dia não tinha vestido nenhua, só sapatinhos e luvinhas... 
Se para mim o pior dia foi na segunda, que foi o dia da minha alta, para o Paquito a terça foi mais dolorosa pois na quarta ele teria que voltar a trabalhar. Sinceramente acho a licença parternidade muito pequena, são 5 dias corridos ou seja, sábado e domingo contam... não dá para nada, creio que no mínimo precisava ser de uma quinzena!!! Imagine eu sem poder dirigir e sem meu Paquito. Aí, Ingrid me mostrou o que na teoria eu já sabia, mas faltava ver na prática: quando a gente casa, casa também com a família do marido! Foi mais uma prova de que ela veio para nos unir, pois o papai do Paquito e sua familia me deram mais apoio ainda, de manhã na quarta fui para a sala da Ordenha enquanto meu sogro subiu para a NEO em bsuca de notícias, umas 11hs qdo subi ele me deu a notícia "ela vai ser transferida!", quando falei com a enfermeira vi que um nenezinho tinha acabado de falecer e ela me disse "traga roupinhas, Ingrid vai para a Ala C e não ficará mais na incubadora". Foi um sentimento estranho - a UTI é lugar de vida e de morte, a minha bebezinha indo para uma ala de "Come e dorme" para bebês estáveis com um pé na rua e outro bebezinho ali, dando adeus ao mundo em menos de 48hs de vida... Em nenhum momento achei que minha filha iria morrer ou ter qualquer tipo de sequela, simplemente essas idéias não me ocorreram o que me atormentava era a idéia de que ela não estava comigo e de ser uma RN a termo, ou seja ela não era prematura... não devia passar por isso! Quinta, dia 24 era aniversário de minha mãe e eu dizia para mim mesma, ela vai estar em casa no aniversário da avó, eu não aceito minha filha lá, ela já está boa, já está estável. Ingrid só podia ir para casa estável se não podia se engasgar tomando leite. Almoçamos e fomos para a Ala C, eu tinha marcado para aprender a dar mamadeira e dar banho, já fui com a roupinha "Saída da Maternidade" que eu havia comprado, com os brincos, eu tinha certeza que ela voltaria conosco. Chegando lá a notícia: "Mãe, 16hs a médica vai ler o relatório da alta com a senhora", assim, eu, momy´s e Paquito resgatamos Guid e chegamos todos sãos e salvos, que presente papai do céu deu a Vovó! Ninguém ficou para trás - fim da segunda espera.



Dicionário do Bebê
Anestesia raquidiana: anestesia em que a mãe só fica insensível à dor do peito para baixo, e permanece perfeitamente consciente durante todo o processo - seja cesariana ou parto vaginal.
Neonatologista: é o médico pediatra que cuida dos bebês recém-nascidos, que os avalia logo após o nascimento e que dá alta para que eles possam ir para casa após o parto e tb acompanha os bebês prematuros que ficam internados nos hospitais.
Prematuro ou Pré-termo: recém-nascido com menos de 37 semanas de idade gestacional (36 semanas e 6 dias ou menos - abaixo dos 9 meses).
Recém-nascido: do nascimento até 28 dias de idade

RN: recém-nascido

Taquipnéia transitória do recém-nascido:  é um distúrbio respiratório causado pelo retardo da absorção do líquido pulmonar, gerando um quadro de desconforto respiratório agudo (devido ao edema na parede dos alveolos pulmonares), iniciado logo após o parto ou, no máximo, algumas horas depois. Costuma ser uma afecção benigna e auto-limitada, com resolução geralmente em 24h, mas podendo durar até cinco dias. O grupo de risco consiste em RN a termo, ou próximo do termo, e filhos de mães diabéticas. O Líquido pulmonar é produzido na vida intra-uterina a partir da 18 semana de gestação, cuja função é propiciar a expansão do pulmão. Ao final da gestação, cerca de dois dias antes do início do trabalho do parto as células do epitélio pulmonar iniciam o processo de absorção do líquido pulmonar , que é intensificado com o início de trabalho de parto, devido a estímulos hormonais. Durante o parto vaginal a pressão exercida pelo canal de parto estimula o feto a expelir uma parte do líquido pulmonar pela boca. Logo, num parto cesáreo eletivo, o feto não passa nem pelo estímulo físico nem pelo hormonal, causando a retenção do líquido pulmonar no interstício, levando ao edema pulmonar.
Termo ou RN de termo: diz-se do recém-nascido cuja idade gestacional está entre 37 semanas e 41 semanas e 6 dias.
Eu, Guid e mommy´s na saída do Sto Amaro

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